Fotografia: Neoen
De acordo com a Wood Mackenzie, a Europa implantará aproximadamente 3 GWh de capacidade de armazenamento de energia em 2021
De acordo com novo estudo da consultoria internacional Wood Mackenzie, a região das Américas ultrapassará a Ásia-Pacífico em 2025 na liderança do mercado global de armazenamento de energia, atingindo capacidade total para 371 GWh em 2030. A maior parte desse crescimento será proveniente dos Estados Unidos. A China ocupará o segundo lugar (150 GWh), enquanto o Japão ficará com o terceiro lugar (25 GWh) ao final da década.
Embora a região Ásia-Pacífico tenha liderado o mercado global de armazenamento no ano passado, implantando 13 GWh, o crescimento na última década foi baseado principalmente em projetos piloto, subsídios governamentais e requisitos de interconexão de rede. Sem um forte apoio político, a expansão do segmento de front-of-the-meter (FTM) em toda a região será um desafio.
Os Estados Unidos triplicaram suas instalações de armazenamento em 2020, respondendo por 38% da nova capacidade. China, Alemanha e Reino Unido apresentaram um crescimento de dois dígitos em suas respectivas capacidades de armazenamento durante a pandemia, enquanto as instalações australianas apresentaram queda ano após ano. De acordo com a Wood Mackenzie, o crescimento constante do armazenamento de energia em diversos e importantes países durante a pandemia de Covid-19 e a forte recuperação dos efeitos da crise sanitária em 2021 acelerará a adoção, a longo prazo, do armazenamento de energia em âmbito global.
“2020 foi um ano recorde para o armazenamento de energia. O mercado ultrapassou 15 GW / 27 GWh em 2020, um crescimento de 51% em termos de GWh, número que deve aumentar em 27 vezes até 2030, adicionando 70 GWh extras de capacidade de armazenamento por ano e ultrapassando assim 729 GWh em 2030”, explica Dan Finn-Foley, Chefe de armazenamento de energia da Wood Mackenzie.
Covid acelera implantação de armazenamento
“No ano passado, aproximadamente US$ 5,4 bilhões em novos investimentos foram destinados a projetos de armazenamento em todo o mundo, aumentando o investimento total acumulado para cerca de US$ 22 bilhões. Em 2025, o porte de investimento global alcançará 86 bilhões de dólares, com uma taxa de crescimento anual de 24%, apesar da desaceleração econômica causada pela crise sanitária de Covid-19”.
Conforme destacado no relatório publicado pela Wood Mackenzie, no ano passado o mercado global começou a optar por baterias de quatro horas ao invés de baterias de curta duração devido aos efeitos do coronavírus. A pandemia fez com que a demanda de energia caísse em 2020, nivelando para baixo os preços da energia no atacado e reduzindo a necessidade de unidades de pico. As baterias de longa duração ajudaram a fortalecer a confiabilidade da rede e a reduzir os riscos de quedas de energia durante este período. Em 2030, o tamanho médio dos projetos de íon-lítio passará da escala de 100 MWh para 1 GWh, multiplicando-se por sete.
Le Xu, principal analista de pesquisa da Wood Mackenzie, declarou: “China, Japão e Coréia do Sul estabeleceram metas de neutralidade climática, ressaltando seu compromisso com a transição energética. Enquanto a Austrália, apresenta uma competição entre as suas energias renováveis somadas a tecnologia de armazenamento, as quais já substituem as antigas unidades movidas a carvão e a energia a gás.
“Se os projetos de baterias forem capazes resolver o atual problema de financiamento para o armazenamento de energia, ele será o elemento-chave dos planos de descarbonização em toda a região”. As expectativas com relação a transição energética da Ásia-Pacífico podem não ser alcançadas caso a questão do financiamento não seja resolvida, devido ao fato de o armazenamento em bateria fornecer a flexibilidade necessária para a geração de eletricidade segura 24 horas por dia.” Conclui o pesquisador.
Europa: devagar, mas com boa caligrafia
O relatório da Wood Mackenzie também descreve as mudanças esperadas em outro importante mercado de armazenamento: o mercado Europeu. Até agora, o desenvolvimento do mercado europeu tem sido mais lento que o dos mercados americano e chinês. No entanto, esse desenvolvimento deve acelerar-se nos próximos anos, uma vez que os Estados-Membros europeus têm de cumprir a Diretiva Energias Renováveis, onde as atuais sobrecapacidades dos mercados de eletricidade com energia nuclear são reduzidas e ocorre a saída do carvão.
De acordo com Wood Mackenzie, a Europa implantará cerca de 3 GWh de capacidade de armazenamento de energia em 2021, um aumento de 55% em relação a 2020, e verá a capacidade acumulada chegar a 9 GWh até o final do ano.
Anna Darmani, analista principal da Wood Mackenzie, destaca que: “Os números de armazenamento da Europa parecem relativamente pequenos em uma escala global. No entanto, são notáveis se considerarmos que a Europa não possuía um mercado de baterias até cerca de quatro anos atrás”.
“Nos últimos dois anos, a Europa investiu mais em sua cadeia de valor de baterias do que qualquer outra região do mundo e seu segmento residencial está crescendo mais rápido do que qualquer outra região.” Completou Darmani.
A Wood Mackenzie anunciou que esperava 115 GW de energia solar em 2020, 5% a mais do que o instalado em 2019. O analista da IHS Market, Mike Longson, afirmou recentemente que as instalações anuais de armazenamento de bateria excederão 10 GW / 28 GWh em 2021.
Por Pilar Sánchez Molina